socorro, estou emperrada!
por intermédio de uma amiga – também artista – descobri que o paço das artes realiza uma espécie de edital/concurso/salão (temporada de projetos) que tem como objetivo selecionar 10 projetos para serem expostos em seu espaço. o prazo para a inscrição encerra-se no próximo dia 23.
quando vi, fiquei animadíssima e – com a cabeça fresca e o coração leve – também tranquila, já que venho trabalhando em uma série de pinturas há algum tempo. pensei comigo mesma que o mais era sentar a bunda na cadeira, estruturar um pouquinho as ideias que já tinha e escrever o projeto… ledo engano!
passei essa semana inteirinha debruçada sobre isso, resolvendo no mais apenas o que era imprescindível e, mesmo assim, não consegui desenvolver, ampliar e justificar o que eu já tinha em mente. basicamente, travei. eu já sei como é isso, de onde vem, como se dá, como me angustia e me deixa impotente e, inevitavelmente, como eu sofro achando que “não vou conseguir”. eu já sei que isso faz parte do processo criativo. e desde que me dei conta disso, tenho tentado minimizar os seus efeitos devastadores sobre mim.
primeiro é sacar que eu estou nesse processo. porque às vezes não é tão fácil de se perceber e eu fico lutando às cegas com ele. perceber, é claro, é apenas o primeiro passo. depois vem o mais difícil: aquietar a minha ansiedade e o meu coração, dizendo a mim mesma que eu sei o que é aquilo e que tudo tem o seu tempo. que tudo o que eu preciso fazer é continuar seguindo, respeitando meu tempo interno e me esforçando para não sofrer mais do que o necessário. porque, na maioria das vezes, as ideias têm o seu próprio caminho e tempo de maturidade e fazer amadurecê-las à força só vai me fazer sofrer e trazer ao mundo algo que ainda não estava pronto para nascer.
por outro lado, tenho a consciência de que preciso estar muito atenta para não fazer disso uma muleta que me deixe completamente livre de quaisquer deveres. pois isso seria apenas auto-indulgência e, já sei, não me levaria a lugar algum. ou antes, me levaria a um lugar que já conheço que é a frustração do tempo desperdiçado. por isso considero como fundamental a disciplina e o comprometimento nesse processo.
tanto quanto possível tenho me aplicado nesse caminho. na minha última crise criativa, eu respirei fundo e disse a mim mesma que eu já sabia o que aquilo era e que eu deveria ter paciência para seguir trabalhando com disciplina e afinco e que, desse trabalho de formiguinha, a resposta viria. eu não esmoreci, continuei trabalhando dia-após-dia e ela veio, mas demorou um mês. não vou dizer que consegui ficar zen e acreditando que a coisa ia acontecer, muito pelo contrário: no finalzinho eu já estava ficando bastante incrédula, sem falar na angústia e no desespero.
agora passo pelo mesmo processo novamente, mas com um agravante: só tenho mais uma semana para decupar minha ideia, escrevê-la, preparar toda a documentação necessária e enviar o projeto. impossível não me lembrar, temerosamente, de que a última vez demorou um mês para eu chegar num resultado a contento. ontem, no final do dia, cheguei ao ápice do desespero… eu não queria deixar passar essa oportunidade, mas também não queria entregar um projeto mal-ajambrado. mas, por mais que eu me esforçasse para desenvolvê-lo, nada do que eu pensava parecia interessante. vencida pelo cansaço do esforço, no final da noite fui fazer outras coisas.
poder falar das minhas aflições trocando ideias com outra pessoa e fazer atividades que apaziguem um pouco a minha natureza ansiosa (no meu caso, meditação e yoga) foram os meios que me ajudaram a encontrar uma saída.
hoje, depois da minha sessão matinal de meditação e depois de ter dormido e “esquecido” um pouco o assunto, entendi e aceitei que não vou conseguir parir esse projeto a fórceps e que assim fazendo só vou sofrer mais do que é o sofrimento mínimo inerente ao processo. eu já sei que tenho essa tendência. mas também não irei deixá-lo à sua própria sorte, esperando passivamente que a tal dita “inspiração” apareça e termine tudo para mim. sei que encontrar esse caminho só depende de mim e de meu trabalho persistente e contínuo. continuarei a trabalhar nele com disciplina e afinco, esforçando-me para não cair em desespero ao ver os dias e as horas passando. eu não tenho dúvidas de que, quando ele estiver maduro e pronto, brotará dentro de mim com suas raízes, tronco, folhas e frutos e tudo fará sentido. em todas as outras vezes foi assim e não tem porquê ser diferente agora. eu só preciso confiar e seguir.
no momento em que me apaziguei com tantos demônios internos (muitos dos quais sou eu mesma quem cria), outras ideias balançaram seus galhos, crescendo um tico e brilharam dentro de mim. não sei se elas conseguirão se desenvolver a tempo de que eu possa escrever um outro projeto para o paço das artes, mas estou animada!
torçam por mim! e mergulhem dentro de si e escutem seus próprios relógios :).
com amor,
m.
Três palavras para descrever um bom projeto: simples, claro e objetivo, o resto e enfeite.
Torcendo aqui!
Miki querida…. isso mesmo, bote pra fora.
Aprendi que Meditação é treinar a capacidade de Intuir. Muitas vezes julgamos ou não ligamos para a nossa Intuição, mas é dela que vem a nossa orientação espiritual, o desenvolvimento moral e o impulso para sempre reelaborar a vida.
bj e abraços fortes.
Lembre-se que cada um tem o seu anjo mas, ele nada faz, se quiser algo tem que pedir ajuda.
torcendo! ;-)
querida karen, merci pelas palavras de apoio aqui e lá <3!
o nó todo é porque as coisas não estavam claras dentro de mim e isso era a grande angústia. depois que elas clarificam, é como se um peso enorme saísse de meus ombros e tudo flui. mesmo sentar e escrever o projeto - que é, em si, uma atividade pouco atrativa, acaba acontecendo de maneira não sofrida.
agora o tempo já passou e eu finalmente consegui reencontrar o meu centro :). na 6a já tinha quase tudo formatado quando recebi a feliz notícia de que o prazo tinha sido prorrogado. mas isso não será motivo para mais delongas. mas pude retomar minhas atividades, ao menos, e poderei escrever e reler o projeto com alguma calma, o que me deixa bastante tranquila.
o mais importante, agora, é enviar, cumprir essa etapa, independentemente do resultado. passinhos de formiga e grandes aprendizados! penso assim e isso me ajuda a apaziguar.
bjs de paçoca e merci por tudo, sempre!
amor, m.
pava, que lÿndo vc aqui e a sua mensagem cheia de carinho e aconchego.
aprendi muito com vc durante grande parte da minha vida e continuo aprendendo. e fico tão feliz que nossos caminhos possam ter se cruzado nesse mundo tão grande. vc é um amigo muito especial e importante para mim. mora no meu coração.
“meu melhor amigo”!
beijos de avelã
e até já,
amor, m.
merci, menino délio!
saiba que a sua torcida significa muito pra mim!
bjs de amora em vc
amor, m.