o vestido da mulher-peixe
Minha incursão mais seriamente pelo mundo da moda começou quando eu fui aceita no curso de pós “criação de imagem e styling de moda” no senac. Antes disso, eu era apenas curiosa no assunto, gostava de inventar meus próprios looks que, até então, para mim eram: quanto mais “louco”, melhor. Depois, fui entender que eu tinha “estilo”. O mais engraçado é que toda essa história começou porque chegou um momento em minha vida que eu me enchi de ser o “patinho feio” e comecei a usar o que bem entendia, sem me importar com o que os outros achavam. Foi a minha maneira de responder à agressividade, às vezes gratuita, das pessoas. Eu fiquei machucada, mas hoje vejo que consegui dar a volta por cima, como diria paulo vanzolini.
Bom, mas essa longa introdução é pra contar que minhas vistas começaram a se alargar para muitos assuntos dentro da moda e um mundo novo se desvendou maravilhosamente diante dos meus olhos. Através dele, pude conhecer o P’tit, um coletivo de talentosíssimos criadores cujas coleções são feitas em conjunto quase sempre a partir de peças prontas e que são descontruídas e reconstruídas, criando peças únicas muito diferenciadas. O P’tit é formado por 4 artistas: Anna, Fernanda, Léo e Heloísa.
Pois bem, um belo dia fui até o atelier deles (isso foi em janeiro/2006), então na Bela Cintra. Fiquei encantada com o espaço, com a criação e com eles. Conversamos muito e saí de lá com uma saia-anágua linda de morrer que tem folhas secas dentro de toda a barra.
Quando cheguei, fui direto para as araras e só quando estava praticamente na porta (para ir embora) é que me deparei com ele, o vestido da mulher-peixe! Como estava vestido em um manequim bem junto à porta de entrada, eu nem o tinha visto, pois fui direto para as araras. Fiquei enlouquecida, achando aquela peça uma obra-de-arte e desejando mais do que tudo naquele momento que ela fosse minha, para eu poder vesti-la. O preço era convidativo, mas com a história de abrir meu próprio ateliê, o tempo era de ser comedida nas compras. Então eu disse algo assim:
– Agora eu não posso comprá-lo, mas eu estou apaixonada. É uma peça muito especial. Quem sabe mais pra frente quando meu atelier der resultados?
Foram noves meses de namoro, eu nunca me esqueci do vestido. O pior é que eu nem tinha experimentado, tal o fascínio que a peça tinha exercido sobre mim.
Há duas semanas, a Fernanda me ligou, convidando para o open house do P’tit em novo endereço. Imediatamente, é claro, eu me lembrei do vestido e perguntei a ela se ele já tinha sido vendido. Quando ela disse que não, pressenti que ele estava me esperando. E, nesse momento, resolvi que me daria esse presente depois de quase um ano e meio de uma vida bastante regrada e comedida no que se relaciona a comprinhas para moi.
O caso é que o peixe estava nadando em outras praias, mais precisamente em uma mostra da Casa do Criadores em Brasília. Chique né?
Convidei, então, a querida Denise, que achei que orrrnava demais com o momento e fomos catitas e faceiras para a Moacir Piza nesta tarde.
O atelier novo é um sonho, um espaço maior numa ruela fofa, travessa da alameda Itu que eu nunca tinha prestado atenção que sequer existia. Anna e Léo é quem estavam por lá hoje. Primeiro, olhamos todas as araras, algumas peças da coleção nova – lindas por sinal. E, então, o grande momento! Experimentar o vestido da mulher-peixe. Eu tinha receio de que não servisse (afinal, essa peça desfilou e se ela tivesse sido feita para o corpo de uma modelo, certamente não me serviria) e essa era a única nuvenzinha negra em meu sonho!
Mas, acho que, definitivamente, ele estava esperando por mim! Caiu como uma luva, sem precisar mexer um único centímentro. E eu amei o caimento no meu corpo, pareceu-me ainda mais bonito que a foto do desfile (pode me chamar de metida, mas eu realmente achei – rs!).
Nossa, eu estava flutuando em felicidade.
[foto por Érica Bettiol]
Toda a coleção de verão 2006 (a qual a peça pertence) foi inspirada no filme “As 7 faces do dr. Lao”. Esse vestido é uma criação do Léo e a peça toda foi feita à mão. Cada escaminha do vestido. Tem tanto a ver comigo, com minhas origens japonesas (já que o peixe é um koi, ou seja, uma carpa japonesa), com o meu trabalho totalmente manual. Estou verdadeiramente feliz com meu vestido de peixe. É uma honra ter um trabalho tão magnífico e ainda poder usá-lo!
SERVIÇO
P’tit
Rua Moacir Piza, 95 – Jardins – São Paulo – SP
(ruela na al. Itu entre Bela Cintra e Haddock Lobo)
seg a sex 10h às 18h | sab 14h às 18h
(11) 3081-7733
atualização em 04.jan.2013
em 2009, o p’tit, infelizmente, se desfez como coletivo, mas seus integrantes continuam fazendo arte por aí! <3
Miki sua chata! Agora você despertou meu demônio consumidor, logo na época em que minha bolsa de estudos vai para o beleléu e entro em um período incerto de ex-estudante-qualificadaparanada-desempregada!
Entrei no site e vi várias coisinhas que adoraria experimentar. Os vestidos são uma graça, mas os dessa coleção eu usaria como bata porque eles são curtos e não tenho pernas para eles, mas que graça! Se bem que minha wish list já tem item certo, um vestido (também) preto (também!), mas totalmente diferente do seu, acho que vou me dá-lo de presente de aniversário se ainda estiver na loja, ele é do tipo “até sua vó usaria”! Seu vestido é realmente uma obra de arte, eu não saberia em que ocasião vesti-lo, espero que o aproveite muito e tenha bons momentos com ele, sei como é legal comprar algo que namoramos por um longo tempo!
hahaha, karen, gomen né! mas esses ataques consumistas são inerentes às mulheres, né? é só a gente ficar triste (não foi o caso desta vez) que sai pra fazer uma comprinha (pode ser uma bem besta, insignificante monetariamente) e volta feliz da vida!
eu nem sou tão fã de pretinhos, aliás sou bastante colorida – rs! mas gostei da descrição desse seu vestido. e é seu aniversário, você tem uma desculpa (rs)!
já pensou o que vai fazer agora q é quase-doutora? talvez dar aulas?
bjs, miki
Mas o seu vestido é colorido, cheio de detalhes! Dá para usá-lo sem o laço nos pés? Ainda estou analisando minhas alternativas… Preciso refletir muuuuuuuuito… :)
nossa, miki, o vestido ficou mesmo lindo em você! parabens pelo presente e pelo bom-gosto!
mas quero vê-lo em você, combinado?
beijão!
hehehehe, q bom q vc gostou, fá!
combinadíssimo! só q vai ter q ser em uma ocasião em q eu fique meio de “múmia-paralítica” porque, a exemplo dos quimonos, tem que andar em passinhos de gueixa (não q isso seja uma reclamação, afinal faz parte do design, é só um fato da vida :-)!
bjs, miki