o elefante no. 4
o elefante da vez é inspirado no 3º ato, “sono”. é um ato que mistura real e imaginário de uma maneira vertiginosa. e é onde o belíssimo cenário de daniela se faz mais expressivo e, como disse a amiga de um amigo – também diretora de teatro – “adoro ver o seu trabalho porque seus cenários são como se fossem uma personagem a mais compondo o espetáculo.”
num misto de realidade e ficção, vida real e sonho, loucura e sanidade, a história vai se desenrolando, concatenando coisas tão díspares quanto o quotidiano numa cozinha, piscinas, corridas de cavalo, óperas, bailes, conversas sobre dentistas, desaparecimentos estranhos, mortes… sem dúvida, profundamente murakamesco!
e as músicas… a trilha é quase toda composta por música clássica, e a primeira que aparece – na cena da piscina – é a mesma que deborah colker usou em seu espetáculo “4×4”, no ato “vasos” e de quem um jornalista disse “ela [deborah] toca mozart domesticamente”, referindo-se ao fato de que ela mesma tocava um trecho da peça ao piano em cena. um amigo – fã incondicional de deborah – ficou muitíssimo bravo com a tal matéria: “o que será que ele quis dizer com ‘domesticamente’? quis dizer que ela tocava mal?” – risos. coisas de fã…
mas voltando ao elefante: é o ato mais comprido de todos e é bonito que seja ele quem divida o espetáculo “ao meio”. maria luisa interpreta visceralmente a personagem principal, com uma ânsia e uma entrega que é emocionante de se ver. a tormenta transparece em cada um de seus gestos, de seus olhares, de sua fala.
o relógio anda para trás. as cortinas dos quartos voluteiam vez ou outra. quem vai para cama, dorme em pé, num gesto tão simples e sintético mas, ao mesmo tempo, tão poético que só isso dá vontade de chorar de tão lindo que é.
a fotografia é um deleite para os olhos. a paleta de cores em azul e tons de preto. aqui e ali uns brilhos, como na cena do baile. ah! a cena do baile… tão fugaz mas dizendo tudo. a cena do baile penetrando a estipulada “vida real”.
e não estaremos todos nós – de uma maneira ou de outra, com mais ou menos gravidade – vivendo vidas outras, entrando e saindo de sonhos, de desejos projetados?
ela chora, em desespero. as luzes desfocadas em azuis e amarelos do cais se projetam sobre ela. entra a música. tudo converge para o preto absoluto. fecho os olhos e tudo se projeta em minha retina, como se tivesse sido ontem.
“Não entendi. Aliás, eram muitas as coisas que eu não entendia. A idade não me deixara mais esperto também. O caráter do ser humano pode se alterar com o passar dos anos, mas nunca a sua mediocridade, já disse certo autor russo. Os russos são às vezes muito perspicazes. Talvez pensem muito durante os longos invernos.”
Haruki Murakami in “Caçando Carneiros” | tradução de Leiko Gotoda
ilustração da autora
sono
da série “o desaparecimento do elefante”
em homenagem à peça de teatro “o desaparecimento do elefante” de monique gardenberg e michele matalon sobre obra de haruki murakami
grafite, aquarela e aguada de guache sobre canson branco 200g/m2
210 x 297 mm
02.mai.2013
Fiquei encantando com o lance atemporal, pois parece anos 50, o figurino, o encantador cenário (sempre), mas o filho fala em tirar foto no Iphone, e sobre os equipamentos do consultório serem sempre hipermodernos… e ainda de quebra viajamos todos para Rússia, sem sono.
lindo o viés do seu olhar tb, marcelito!
bom, no fim, é sempre arrebatador, não é mesmo?
tô com saudade… rs!
beijinho
Realmente o cenário é uma personagem que te convida, te chama, te encanta, busca seu olhar, se comunica o tempo todo com você…
Amei esse ato!
Amei essa personagem mundomiki que faz a diferença!
E faz a gente amar ainda mais o teatro
E amei a frase final sobre a mediocridade nossa de cada dia… fato
Beijo
Marceloooo
Bjo procê também! rsrs
dédé, lÿndo é poder fruir da arte da mana <3
não consigo dizer qual ato amei, talvez pelo fato de ter amado todos!
mas que ia ser bom ver junto com vc, isso seria!
beijocas mil, m.
Miki que bacana esse espaço, para encontrar idéias, pensamentos, carinho e amigos. beijos
ah, marcelito <3
quem dera fosse um lugar de mais fluxo de gentis rs :)
mas não tô reclamando não, na verdade, tô félix que vcs queridos sempre venham aqui!
beijocas mil,
amor,
m.