dentro do mar tem rio
Maria Bethânia é uma das cantoras por quem eu tenho uma admiração enorme e o principal motivo é porque ela sempre conduziu sua própria carreira com pulso firme e determinação, não se rendendo a modismos e construindo seu trabalho da maneira que ela acreditava que devia ser.
Imagine, então, a minha felicidade em poder assistir à estréia de seu novo show “Dentro do mar tem rio”!
Nilson, tks por esse presente maravilhoso!
Ver Maria Bethânia no palco é sempre bom. Desta vez, era a noite de estréia de seu novo show “Dentro do Mar tem Rio” no Tom Brasil. Ficamos no camarote, lugar ótimo para ver a movimentação no palco, cenário e iluminação. E, com os binóculos do Pava, dava para ver todos os detalhes :-).
Da primeira vez que vi Bethânia no palco (no show Maricotinha que vi várias vezes), não fiquei tão impressionada, acho que porque eu sempre ouvira que ela enchia o palco, que era uma coisa etc. etc. Claro que gostei, mas acho que minha expectativa era de que ela meio que transcendesse o objeto show-palco-espetáculo em si.
Depois do Maricotinha, vi o bárbaro “Brasileirinho” no mesmo Tom Brasil. Ali, o maravilhamento antecipado já tinha passado e pude sorver muito mais cada segundo de Maria Bethânia. Foi um show lindo, lindo, lindo. Tudo era impecável, mas o cenário me encantou muito. Era de Bia Lessa e tinha movimento, cenas ora mostradas, ora veladas, luzes que dançavam, uma pintura com índios enorme na parede do fundo. Chapei.
Eu ainda não tinha ouvido os CDs, nem lido nada à respeito desse novo trabalho. E, mais uma vez, foi um show maravilhoso. O cenário, novamente assinado por Bia Lessa era absolutamente expressivo e era perfeito em seu papel de receptáculo para o acontecimento. Vagas sugeridas, nuvens em borrões imensos como pano de fundo que, em conjunto com o trabalho de iluminação, criava inúmeras possibilidades de céu para o navegante: uma borrasca, um entardecer, um dia bonito… um jardim de folhas metálicas ora era um coral, ora o alto-mar com as luzes cintilando sobre ele, ora algas marinhas… pequeníssimas e estreitas pontes de madeira permitiam toda a performance cheia de criatividade que Maria Bethânia gosta de fazer no palco. Peixes, árvore, remador e ondas pontilhadas formadas por pequenas luzes vermelhas apareciam e desapareciam alegremente por sobre as nuvens magnânimas. E, para arrematar, muitas tiras de voal dançavam por sobre o pano de fundo, imprimindo movimento, graça e beleza. BIA LESSA FOREVIS!
Num ritmo bem conduzido, escudada por uma banca impecável e ainda o inseparável maestro Jaime Alem, Maria Bethânia conduziu o público show afora entre balanços gostosos, músicas tristíssimas, euforia e poesia com a elegância e perfeição que só quem tem a intimidade com o palco que ela tem poderia fazer.
Na seleção musical, um pouco de tudo, claro que com a estrela-guia de canções do mar de hoje e de ontem dando o fio condutor do espetáculo. Novas canções e canções antiqüíssimas de seu repertório desfilaram igualmente belas em sua voz única e maravilhosa mesmo com muitos e bem vividos anos de vida! Ela passeou segura e fez bonito incursionando por diversos estilos desde modas de viola até rap com sotaque ferreira-gullar-e-heitor-villa-lobos-em-o-trenzinho-do-caipira!
Adorei os arranjos das canções, mas eu sou suspeita né, porque sou fã do Jaime Alem. Acho um luxo ela ter um maestro que acompanha seu trabalho e um dos motivos da minha enorme admiração por Bethânia é a reverência que ela revela em shows por ele e também por seus músicos. JAIME ALEM FOREVIS!
Um dos momentos especiais, para mim, foi quando ela subiu em uma das “pontezinhas” e se transformou, em minha leitura, em uma carranca de proa de navio com sua longa cabeleira dançando ao vento. Fantástico.
Acho que a única coisa de que não gostei foi o segundo figurino que ela usou (o primeiro era bárbaro!), a saia imaculadamente branca trabalhada em bordado com pequenos brilhos era linda, mas a calça sob a saia… não gostei.
Numa das muitas músicas que eu não sei o nome, ela canta sobre a heroína da canção: “De onde ela é?” e faz uma pausa, enquanto permanece imóvel iluminada pelo foco de luz.
De onde ela é? É claro que ela é de Santo Amaro da Purificação. BETHÂNIA FOREVIS!
Uau! Que delícia que deve ter sido este show!!!!
so vc para fazer estes comentarios. Li a critica hoje no estadao e lembrei de vc. O conteudo nem se compara com a riqueza de suas observacoes.
Mil beijos saudosos,
ro
akemi, foi um desbunde! nada menos q isso! (bom, eu sou suspeita, sou super-hiper-mega fã da bethânia)!
bjs, miki
ro minha querida!
tenho tanta tanta tanta saudade de vc!
vamos marcar um torde?
bjs, miki
MikitA, adorei! Vc relatou como uma maestrina das palavras. O dia que o teco sair férias é aqui que vou me deliciar em lembrar. Linda composição da narração com os desenhos! :) assino em baixo de tudo que disse! (tirando os show anteriores que não conheço) E sabe, tb fiquei me questionando sobre aquela calça por baixo da saia….acho que era algo supersticioso.. bjos de coração! :) Èrica
periquita, vc é muito fofa!
tudo de melhor pra vc, viu!
te gosto muito bjs, miki
Olha eu estou morrendo de ciume por ainda nem ter esperança de ver o show!!! sabe é que estou lhe escrevendo de Lisboa, sim Lisboa, Portugal. Andava na caça de fotos do show e encontrei a sua prosa ma-ra-vi-lho-sa … e eu que digo que amo Maria Bethânia, vc falou bem demais. Um beijo bem grande
olá! que bom que gostou! a bethânia está na minha lista top 10, ela é o máximo!
bem, nunca é a mesma coisa, mas tenho certeza de que ela lançará o dvd deste show. pelo menos, dá para conhecer o trabalho!
um beijo,
miki
Ah, A “calça sob a saia” …. quase ninguém entendeu….eu pensei, quando a vi entrando assim, na 2ª parte do show, que isto (de não “entender” fosse acontecer mesmo!) Mas vejam: prá compreender isto, é preciso ser “do interior” como eu….Achei até comum e familiar o figurino. Beijos a todos daqui. Com carinho, Tarcísio. Brasópolis, M.G.
é, tarcísio? isso é uma novidade para mim, me conte se puder!
abraços, miki
Querida Miki,
Acompanho voce de longe. Conheci seu trabalho por causa das fotos do Renato Targa e blog da Ana Carmen, na epoca do Cozinha Cultural. Depois acompanhei o Alice Wannabe com olhos d’agua, de longe. Que criatividade, sensibilidade e delicadeza. Quanta poesia nas linhas de Miki. Tantas perguntas bonitas e observacoes inteligentes. Sempre que posso, exploro um blog do mundo Miki. Hoje estive aqui e quis escrever, levada pela surpresa e o carinho.
Um beijo, Patricia
olá, patrícia!
nossa, quanta honra! meus olhos estão cheios d’água com seu comentário generoso e sensível.
o trabalho do artista é algo tão solitário e a constelação de blogs veio num momento de angústia absurda pela falta que me faz poder estar com pessoas e trocar idéias, jogar conversa fora, dar risada…
vc não sabe como suas palavras me deixam felizes. muito embora eu não blogue com a freqüência que gostaria, tudo o q de fato é postado carrega, não poucas vezes, muita emoção porque, de alguma maneira, me tocou, me contou alguma coisa, foi parte importante do meu caminho…
seja muitíssimo bem-vinda, querida!
fiquei profundamente tocada com a delicadeza das suas palavras e eu é quem agradeço a oportunidade de troca.
um beijo,
miki
eu queria ter ido com você
Bethânia é mesmo rainha.
beijos nativos
majestade pura, meu amor!
tb queria ir de braço dado com vc :)
a gente ia se divertir e se maravilhar, não é mesmo?
bjs, mikota